A mastite bovina, também conhecida como mamite, é uma inflamação das glândulas mamárias, causada por bactérias, fungos, algas e vírus. Ela pode acontecer devido a interação entre os micro-organismos, o ambiente. Tudo isso ainda pode somado a ações de possíveis erro de manejo, criando condições favoráveis à contaminação da glândula mamária e o desenvolvimento da doença.
Essa deve ser uma preocupação importante já que alguns dados apontam que essa enfermidade atinge cerca de 20 a 38% do rebanho brasileiro, ocasionando uma perda de 12 a 15% da produção leiteira. Ou seja, é um expressivo fator de prejuízo à atividade.
Por ser uma doença com alto grau de ocorrência, pode levar à redução da quantidade e qualidade do leite do produzido, perda de quartos mamários, consequentemente maior custo de produção, descarte precoce ou morte do animal. Além das perdas, a enfermidade pode representar riscos à saúde pública devido à eliminação de microrganismos, bactérias e toxinas no leite consumido, que podem ser perigosas.
Diante disso, o controle eficiente da mastite bovina se torna algo imprescindível na pecuária leiteira. Não apenas, para garantir a rentabilidade do sistema, uma vez que a enfermidade é considerada como uma das maiores causas de prejuízos para a produção leiteira mundial. Como também, para assegurar a sanidade do rebanho.
Preparamos esse artigo para que você fique por dentro das informações mais importantes da doença e também algumas dicas essenciais para realizar um bom controle do problema. Confira!
Formas de mastite bovina
A mastite bovina pode ser classificada de três formas:
#1 Mastites Clínicas
Quando há evidências claras de sinais inflamatórios e alterações na secreção do leite, tanto no aspecto quanto à quantidade. Nesses casos, os animais apresentam indicações como a presença de grumos, aspecto aquoso do leite, perda de apetite, queda de produção, fraqueza, presença de calor no local, pus, edema e perda de função do órgão afetado. A identificação pode acontecer usando uma caneca de fundo preto e possibilitará a visualização dessas estruturas.
#2 Mastites subclínicas
Ela age silenciosamente, pois não há alterações visíveis a olho nu. Decerto, é o tipo de mastite bovina que mais está presente nos rebanhos brasileiros. Pode ser detectada por meio do California Mastitis Test (CMT) ou análise de CCS individual. E mais, como sua detecção só é possível por meio desses testes ou análise do leite, os produtores demoram a procurar por ajuda. Esse tipo acaba sendo responsável por cerca de 70% das perdas, e pode diminuir a produção de leite em até 45%.
#3 Crônica
É a manutenção da mastite subclínica ou a alternância com a forma clínica da doença. Neste tipo, é comum a perda definitiva da função do quarto mamário devido à fibrose tecidual. Os animais acometidos por esse tipo devem ser eliminados, pois são portadores e fontes de contaminação para os demais.
Como identificar a doença?
Quando se trata do diagnóstico da mastite, precisamos primeiro entender que os patógenos causadores podem ser classificados em dois grupos, confira:
Ambientais: são dissipados nos utensílios, água, esterco ou solo. Eles encontram condições adequadas no interior do úbere das vacas e provocam os casos mais sérios da enfermidade. Os principais microorganismos causadores da doença são: Escherichia coli e Enterobacter spp. (coliformes fecais), Streptococcus spp., fungos, leveduras e algas.
Contagiosos: nesse tipo, a principal fonte de contaminação são os canais do teto infectados ou os próprios úberes. Então, nesse quadro infectado, uma vaca transmite à outra durante a ordenha. Os principais microrganismos causadores de mastites contagiosas (infecciosas) são: Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae e Mycoplasma bovis.
É importante entender que o diagnóstico deve ocorrer o mais rápido possível, visto que a mastite pode ser transmitida entre vacas. A confirmação da doença, é possível por meio de três testes:
- teste da caneca de fundo preto;
- contagem padrão em placas (CPP) ;
- contagem de células somáticas (CCS).
CCS
A CCS é o indicativo de descamação das células do epitélio da glândula mamária devido a infecção. Portanto, sofre aumento quando o animal apresenta mastite.
O recomendado é que pelo menos mensalmente seja realizada análise individual do leite a fim de conhecer a CCS de cada vaca em lactação. Quando isto não é possível, o teste CMT pode fornecer um direcionamento ao produtor, pois há relação entre o escore do teste com a CCS do leite analisado.
CPP
A contagem padrão em placas (CPP), antiga contagem bacteriana total (CBT), refere-se à “contagem de microrganismos capazes de formar colônias contáveis em meio de cultura sólido e sob incubação aeróbica por setenta e duas horas a uma temperatura de trinta graus Celsius”, conforme definição da IN 77.
Em outras palavras, a CPP avalia qual a quantidade total de microrganismos presentes no leite cru, sem discriminar os grupos específicos (bactérias, leveduras e fungos filamentosos). Sendo assim, sua utilização é muito importante para o entendimento da eficiência dos processos higiênicos durante a ordenha e armazenamento do leite.
Sinais Clínicos
Como a mastite bovina é uma doença causada por um conjunto de fatores: microrganismos, ambiente e vacas, juntamente a possíveis erros de manejo que propiciam a contaminação da glândula mamária. Os sinais clínicos são diversos, as vacas com a forma clínica da doença apresentam alguns indícios, tais como:
- febre
- falta de apetite
- redução da produção
- leite com coágulos ou pus
- inchaço ou vermelhidão nas mamas
Já em casos subclínicos, como você já viu nesse artigo, as alterações não são visuais. Então, a confirmação da doença deve ser realizada através do exame clínico.
Tratamento
Ao diagnosticar uma vaca com mastite, por muitas vezes é necessário realizar a secagem dela. Esse procedimento tem como objetivo recuperar a sanidade da glândula mamária para a próxima lactação.
Após identificar o agente causador da doença, o médico veterinário, indicará antibióticos intramamários, que devem ser administrados preferencialmente no período seco. Já o produtor, será responsável por realizar a limpeza constante das mamas e dos equipamentos utilizados para a ordenha.
As vacas com mastite crônica devem ser isoladas do restante do rebanho e seu leite descartado durante todo o período do tratamento. Elas devem ser acompanhados durante as duas primeiras semanas pós tratamento.
Dicas infalíveis para prevenção da mastite bovina
Para evitar a mastite na sua propriedade, basta seguir essas 4 dicas:
- Proporcione uma cama limpa seca para as vacas;
- Se preocupe insistentemente com os métodos de ordenha;
- Assegure que os animais de seu rebanho não fiquem estressados;
- Tenha uma equipe empenhada que lute também no combate à doença.
Muitos produtores ainda não se atentam para tratar as vacas no momento da secagem, que é um método preventivo para atuar antes que o quadro seja mais severo. Além disso, algumas medidas simples de higienização dos equipamentos e dos tetos no momento da ordenha podem ajudar muito na prevenção da enfermidade.
Um conjunto de medidas junto ao rebanho leiteiro, pode ajudar no controle da mastite bovina. Como por exemplo, a realização constante de testes clínicos que apontem a presença da doença, desinfecção dos tetos antes da ordenha e após realizar a secagem deles com papel toalha.
Para evitar a transmissão da enfermidade, também é recomendável seguir o protocolo da linha de ordenha, utilizando como base o resultado dos exames. As vacas sem a doença devem ser ordenhadas primeiro, em seguida as que possuem a doença em sua forma subclínica e, por último, os animais com mastite clínica.
Como a alimentação ajuda a prevenir a doença?
Há uma clara relação entre o manejo nutricional e a ocorrência de mastite. Pois, quando o rebanho leiteiro está bem nutrido, a sua resistência a bactérias, patógenos infecciosos e fungos é bem maior. Clique no link abaixo e aprofunde seus conhecimentos no manejo nutricional e intensifique a prevenção da doença no seu rebanho:
Manejo Nutricional de Gado de Leite (Alimentos e Alimentação)
Fontes: Tecnologia do Campo e Agrolink