A questão cambial provoca efeitos negativos também no mercado da carne bovina. O valor da arroba do boi, que vem crescendo nos últimos meses, quase encosta nos patamares do produto nos Estados Unidos e Europa, mas na hora da conversão em reais o produtor se ressente das desvantagens no dólar na casa dos R$ 1,70. O boi brasileiro vale no exterior entre US$ 44,00 e US$ 44,50; o americano US$ 49,00; o australiano custa US$ 39,00 e o irlandês cerca de US$ 64,00. Enquanto isso, o boi produzido nos vizinhos Paraguai e Uruguai não ultrapassa os US$ 35,00 e o da Argentina chega aos US$ 29,00. O produtor brasileiro só encontra situação mais confortável no mercado interno, onde a recuperação econômica e a manutenção da demanda sustenta os preços. ""Obviamente, os preços não são ideais, mas a situação é de normalidade"", afirma Fabiano Tito Rosa, técnico de uma empresa de consultoria de Bebedouro (SP). Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, a arroba do boi foi comercializada no Estado a R$ 72,00 pouco abaixo da média registrada no mês de outubro, que ficou em R$ 77,66. A média simples do ano -de janeiro a outubro – é de R$ 74,33. Tito Rosa afirma que aqueles que se dedicam ao ciclo completo da produção tiveram vantagens com o recuo nos preços dos insumos, principalmente dos suplementos minerais, fertilizantes e produtos veterinários. Porém, o mesmo não ocorreu com os pecuaristas que fazem recria e engorda. ""Os custos para a engorda não cederam e este grupo está com margens apertadas"", afirma. De acordo com o consultor, o principal gasto do pecuarista é com a aquisição de bezerros. ""Um animal com 7 arrobas custa em torno de R$ 650,00, ou R$ 93,00 a arroba, valor 24% maior que os cerca de R$ 75,00 que recebe na venda"", compara. Tito Rosa afirma que a situação é reflexo do abate de matrizes, artifício usado há dois anos para enfrentar a crise no setor. Situação semelhante enfrenta o setor que exporta carne in natura, que assiste a um bom desempenho do produto no exterior, mas não tem os ganhos equivalentes quando a rentabilidade em dólar é convertida para a moeda nacional. Em janeiro o produto brasileiro chegou a US$ 2,3 mil e em setembro ultrapassou a barreira dos US$ 2,7 mil o total equivalente em carcaça. Houve ligeira queda em outubro com US$ 2,6 mil.