Um levantamento feito pelos pesquisadores de Economia da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) de Jaboticabal, aponta que o Brasil conseguiu expandir suas exportações agropecuárias na última década sem prejudicar o abastecimento interno de alimentos.
No artigo “A importância do Brasil como exportador de produtos e tecnologias agropecuárias”, José Baccarin, Maria Inêz Martins e Sany Aleixo mostram que a produção dos principais itens agrícolas de exportação do país cresceu mais rápido do que o consumo interno de alimentos. “Isso significa que o Brasil conseguiu gerar excedentes exportáveis”, explica Baccarin.
O consumo alimentar entre os anos de 2000 e 2010 cresceu 35% e a produção de trigo, carne suína, carne de frango, carne bovina, soja, açúcar, milho, leite, café e ovos cresceu ainda mais. Entre os produtos mais importantes na mesa do brasileiro, apenas feijão, mandioca e arroz cresceram menos do que o consumo alimentar. Ainda assim, esses três produtos tiveram aumentos de produção superiores ao crescimento da população no período, que foi de 12%. “A demanda por feijão, mandioca e arroz recuam conforme a renda da população aumenta, pois esses alimentos são substituídos na dieta”, diz Baccarin.
A exportação brasileira dos principais itens cresceu acima da média mundial, de 15% de aumento, nesse mesmo período. O resultado, segundo os autores, foi o crescimento da participação no mercado mundial de alimentos, sem aumentar a pressão sobre as reservas naturais do país nem comprometer o abastecimento interno. “Nos últimos 20 anos, o Brasil dobrou sua participação nas exportações agrícolas mundiais, de 2,6% para 5,2%”, diz Baccarin.
O aumento da produtividade do agro brasileiro credenciou o crescimento da produção. No Brasil nos últimos 22 anos a produtividade cresceu em média 4,5% ao ano quase o dobro da média mundial que é de 2,5%.
“A expansão da produção agropecuária foi baseada na adoção de tecnologia e que o crescimento das exportações não tem comprometido o abastecimento interno”, constata Baccarin.