A Índia, berço do Zebu, é um grande consumidor de leite. A sua população de 1,3 bilhões de habitantes consomem cerca de 290 gramas do produto por pessoa. Em 2012 a produção total de leite chegou a 133,5 milhões de toneladas e a meta para 2018 é de 155 milhões de toneladas. Não comendo carne por causa da cultura milenar, os indianos se nutrem de produtos lácteos, explicando o seu alto consumo.
O Gir leiteiro indiano passou nos últimos dez anos por cruzamentos com raças europeias, banalizando o Gir e reduzindo o rebanho. Agora para recuperar a raça, produtores indianos buscam o Gir leiteiro brasileiro. Lembrando que a nossa raça de Gir é oriundo da raça indiana melhorada.
Em alguns lugares na Índia, há preferência pelo leite de búfala, explica a redução do rebanho do Gir puro. A busca por um leite mais gorduroso e um volume maior de produção, levou ao aumento da inseminação artificial.
Segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), em 2012 foram usadas 14 milhões de doses de sêmen no Brasil, enquanto na Índia o número foi de 120 milhões de doses. Por isso os nossos criadores de Gir leiteiro lucraram com a procura de sêmen pelos indianos.
Porém, a burocracia imposta pelos dois países pode prejudicar os negócios, relata Fernando Vilela, doutor em exportação de material genético pela ABS Pecplan. E ainda, os Ministérios de Agricultura do Brasil e da Índia tinham tudo estabelecido para o protocolo sanitário, a Índia exigiu um atestado contra paratuberculose, não existente aqui. O negociador brasileiro, não técnico no assunto, atendeu a ordem. O atestado demorará porque, o Brasil não possui laboratório credenciado a emissão de tal certificado, os indianos precisam reconhecer um laboratório aqui, para que ele possa importar kits para o exame e atestar que o material genético está fora de riscos. O número de exportações pode passar de 1,2 milhões de doses.