As doenças de cascos em bovinos são frequentes no rebanho brasileiro. Por isso, elas chegam a ser responsáveis por cerca de 60% das causas de claudicação, que pode trazer consequências ainda mais sérias.
Geralmente, estes problemas podais são encontrados em maior número na produção de gado leiteiro. Para se ter uma ideia, uma vaca leiteira com um leve desconforto na locomoção, pode deixar de produzir até 5 litros de leite por dia. E mais, dependendo da lesão, ela pode também apresentar uma queda de 5% da taxa de concepção.
Mas, em casos avançados do problema a queda, tanto na produção de leite quanto diminuição das taxas reprodutivas, podem ser ainda maiores. As perdas podem chegar em 30 litros de leite por dia e de 50 a 100% na taxa de concepção. Já em casos mais severos elas podem até comprometer totalmente a locomoção do animal, causando diversos prejuízos aos produtores.
Ou seja, os prejuízos econômicos pelos problemas nos casos dos bovinos são evidentes. Pensando nisso, preparamos esse artigo para que você fique por dentro de cada detalhe a ainda consiga aplicar as medidas de prevenção para que seus animais fiquem longe do problema. Siga conosco!
Principais doenças de cascos em bovinos
As alterações podem variar desde feridas, bicheiras, desgastes anormais e crescimento excessivo. Tudo isso gera muito estresse ao animal e faz com ele diminua a ingestão de alimentos e consequentemente ele perde peso e reduz a produção de leite. Por isso, é importante que você, produtor rural conheça profundamente as principais afecções de cascos em bovinos. Entre as principais podemos citar:
1. Laminite
Um processo inflamatório, classificado em: agudo, subclínico ou crônico. A causa desse problema está intimamente ligada a ingestão excessiva de grãos. A laminite acomete as estruturas sensíveis da parede do animal e ainda resulta na claudicação e deformidade permanente do casco do animal.
2. Doença da linha branca
Acontece uma separação da sola e da parede da borda da sola dos animais. Nesse caso, o cório é infectado por meio dessa fissura, depois há a formação de abscessos na subsola. As articulações também podem ser afetadas em casos mais graves do problema.
3. Podridão de casco
Ela tem origem em lesões na pele interdigital e se caracteriza como uma infecção necrótica, subaguda ou aguda. Além disso, é preciso tomar cuidado pois a podridão de casco é uma porta de entrada para outras enfermidades e infecções.
4. Úlcera de sola
Acontece quando ocorre uma lesão na junção da sola com o bulbo. Isso faz com que se reúnam a uma zona circunscrita de hemorragia e necrose localizada.
5. Dermatite digital
Sem dúvidas, é a lesão podal mais comum em rebanhos bovinos (de corte e de leite) do mundo todo. Ela acontece por meio da contaminação do animal pela bactéria do gênero Treponema, que está presente no intestino dos animais e é eliminada com as fezes. Entretanto, tal bactéria apenas se instala se houver alguma porta de entrada. Ou seja, se o animal possuir alguma ferida de origem mecânica.
Causas comuns das doenças de cascos em bovinos
As doenças de cascos dos bovinos têm causas multifatoriais. Mas, geralmente elas estão ligadas a uma questão genética, ao ambiente que o animal fica ou até mesmo relacionadas a problemas de manejo nutricional.
O problema também é causado em rebanhos no qual as condições de higiene não são respeitadas. Um outro fator propulsor da enfermidade é a exposição dos animais à umidade excessiva. Já que, a água acaba amolecendo as lâminas dos cascos e isso os deixa mais predispostos a traumatismos.
Além disso, as instalações e currais também podem levar ao surgimento de problemas nos cascos já que a movimentações do dia a dia em pisos inadequadas lixam e descascam o casco, fazendo com que eles fiquem diferentes.
Além disso, outros distúrbios nutricionais como a acidose ruminal, doença provocada pelo alto consumo de alimentos concentrado, também pode predispor os animais a enfermidade.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da doença é realizado de forma clínica, mediante a inspeção dos dígitos e sinais apresentados. Alguns podem ser facilmente identificados ao olho nu, como por exemplo:
- manqueira;
- sutil claudicação;
- inchaço avermelhado;
- relutância ao se levantar;
- total incapacidade de permanecer em estação.
Após a constatação do doença, o procedimento imediato deve ser o isolamento do animal. Já o tratamento deve ser realizado sempre por um médico veterinário capacitado, que dependendo do caso pode recomendar a administração de antibiótico e anti-inflamatórios, responsáveis pelo combate aos microrganismos causadores da enfermidade.
Durante o tratamento, é essencial que o animal seja deslocado para um ambiente seco, sem oferta de concentrado e com água de boa qualidade. Nesse sentido, o manejo nutricional pode ajudar no auxílio ao tratamento e também na prevenção, trataremos mais sobre o assunto no próximo tópico. Acompanhe!
Prevenção: manejo nutricional é um diferencial
Não há dúvidas de que a nutrição é uma das principais ferramentas para aumentar a produção. Então, o produtor sempre está em busca de aumentar o consumo diário dos animais para maior ganho de peso ou produção de leite.
A má nutrição do rebanho ou o não fornecimento de uma dieta balanceada causa uma interferência nos problemas dos cascos. Principalmente, quando o animal passa por um quadro de acidose ruminal, que gera uma maior absorção de lipopolissacarídeo (LPS) bacteriano pela circulação sanguínea hepática
Além de fornecer uma boa alimentação, outras medidas também ajudam a prevenir o problema, tais como:
- Realize periodicamente o casqueamento preventivo;
- Ofereça aos animais um higienizado, com piso seco e limpo;
- Pratique medidas que proporcione conforto e bem estar aos animais;
- Observe diariamente os animais para detectar precocemente alguma alteração;
- Quando identificado um animal doente, separe-o dos demais, pois as enfermidades podem ser contagiosas.
Assim como na maioria das enfermidades, a melhor solução para as doenças de cascos em bovinos é a prevenção. Dessa forma, é importantíssimo que você, produtor rural, aplique corretamente as boas práticas do manejo nutricional, e realize o casqueamento preventivo em bovinos periodicamente.
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Fonte: Revista Agropecuária