“As recentes concessões feitas no terceiro rascunho do documento base sobre agricultura nas negociações da Rodada de Doha diminuíram nossa ambição inicial dos avanços, mas ainda assim, constituem uma base realista para entendimento, desde que haja esclarecimento de cotas, critérios razoáveis de cálculo de consumo sobre produtos sensíveis e se os Estados Unidos (EUA) aceitarem os cortes nos limites de gastos por produto”. A frase, do secretário de Relações Internacionais do Agronegócio, Célio Porto, reflete a posição do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na próxima reunião da rodada, que começa na segunda-feira (21), em Genebra (Suíça). Porto representará o Mapa naquele evento. O secretário afirmou, ainda, que na opinião geral dos negociadores é melhor que a Rodada de Doha – ou Rodada do Desenvolvimento, como é conhecida – seja encerrada com um acordo menos ambicioso, por parte da indústria e da agricultura, “do que entrar em compasso de espera que pode durar até três anos”. Os subsídios à exportação e o acesso a mercados são dois pontos que o Brasil considera “sensíveis”. Os subsídios clássicos à exportação, utilizados principalmente pelos EUA, terão seus valores reduzidos à metade até 2010 e o restante terá redução, em três parcelas, até a completa eliminação, em 2013. “O corte dos subsídios significa, para o Brasil, a eliminação de riscos futuros. Em uma eventual elevação de preços dos alimentos, os países em desenvolvimento seriam beneficiados com o ganho de novos mercados”, destacou Célio Porto. No quesito “acesso a mercados”, a proposta em discussão promoverá um corte médio das tarifas nesta rodada, maior que o da Rodada Uruguai, fórum anterior a Doha. Isso atende aos números esperados pelo G-20, grupo dos maiores países em desenvolvimento, coordenado pelo Brasil. Na proposta, o corte nas tarifas para países desenvolvidos varia entre 48% e 73%, enquanto que para as nações em desenvolvimento, vai de 32% para 49%. O secretário do Mapa considera esses cortes nas tarifas um ganho imediato para o País. “Nossas exportações ficariam mais competitivas”, afirmou. Rodada Doha – A Agenda Doha tem como principal função diminuir as barreiras comerciais em todo o mundo, com enfoque no livre comércio. A rodada começou em Doha (Qatar), em 2001, e as reuniões de cúpula seguintes aconteceram em Cancun (México), Genebra (Suíça), Paris (França), Hong Kong (China) e Postdam (Alemanha).