A criação de gado de leiteiro hoje pode ser feito em diferentes sistemas. E, cada um deles pode apresentar vantagens, dependendo do ponto de vista do qual é observado. É por isso que, antes de mais nada, essa escolha deve ser baseada nas necessidades do produtor. Isto é, o sistema precisa atender as demandas de sua propriedade.
No Brasil, existem diversos métodos de manejo, variadas raças de gado leiteiro com características e produtividade diferentes. Por isso, alguns fatores tais como o manejo nutricional e disponibilidade de alimentação, clima local, genética dos animais e a disponibilidade financeira do produtor rural são determinantes para a definição do sistema de produção mais viável.
O Brasil é o 4° maior produtor de leite do mundo, e a demanda do mercado leiteiro faz com que a produção se torne um mercado muito competitivo. Sendo assim, e os profissionais que atuam na área estão em busca de eficiência no processo produtivo diante das exigências solicitadas pela indústria.
Se você está pensando em investir em gado leiteiro, precisa compreender alguns tópicos que vão desde as instalações da fazenda, manejo nutricional, sanidade e ordenha dos animais. Mas, como abordamos anteriormente o primeiro passo é a escolha do sistema de produção.
Para acabar com essa que é uma das principais dúvidas, dos profissionais que atuam no setor, fizemos esse artigo com os tipos de sistema de produção. Com certeza ele vai te orientar na sua jornada para o sucesso.
Preparado? Então, vamos lá!
Tipos de sistemas de produção para gado leiteiro
Sistema extensivo
Este tipo é caracterizado na criação de animais a pasto. De tal forma que, a base da alimentação são as pastagens. Nesse sistema, os animais também são colocados em piquetes rotacionados com irrigação para garantir que dê tempo para que as pastagens sejam reformadas.
Já em relação às instalações são relativamente simples e limitam-se a um curral, no qual as vacas são ordenhadas.
Em conclusão, a grande vantagem desse método é o baixo investimento. Em contrapartida, a desvantagem é a necessidade de grandes espaços com disponibilidade de pasto para a ocupação dos animais. Além disso, caso o manejo não seja executado da forma correta, pode gerar baixa produtividade!
Sistema semi-intensivo
Nesse caso, os animais são criados a pasto e recebem o reforço da suplementação volumosa em épocas de seca (com menor crescimento do pasto) ou em alguns casos durante todo o ano. No sistema semi-intensivo o alimento é fornecido no estábulo no momento da ordenha. Ainda mais, ele permite a aplicação de processos tecnológicos na criação. Então, é muito comum as fazendas com esse sistema adotarem as práticas de aleitamento artificial e a inseminação artificial.
Nesse sistema o gado leiteiro recebe alimentação com forrageiras de alta capacidade de suporte, além de uma suplementação volumosa (como cana-de-açúcar, silagem, feno ou outros complementos) no cocho o ano todo e, principalmente na época das secas, quando a oferta de forragem é reduzida.
Como as instalações desse sistema são relativamente simples é possível adotar alguns recursos tecnológicos para aumentar a qualidade e produtividade do leite. Exemplos disso são as práticas de aleitamento artificial e inseminação artificial. Mas, entre a desvantagem está a maior disponibilidade de recursos tanto na ordenha quanto para o resfriamento do leite.
Sistema intensivo
Neste, as vacas leiteiras são mantidas confinadas e alimentadas no cocho com forragens conservadas. Por exemplo, fenos e silagens. Como possui um alto custo para implantação e mão de obra especializada, é aconselhável somente para animais especializados em produção de leite ou de alto padrão genético.
Alguns exemplos de instalações do sistemas intensivo são o Free Stall, Loose Housing, e Compost Barn. A grande vantagem de sua utilização é o aumento da produtividade dos animais em pequenos espaços. Entretanto, como foi citado acima, tem um investimento alto e necessita de profissionais especializados. A seguir, entenda mais sobre cada uma das instalações!
Free Stall
O Free Stall é um sistema em que os animais possuem camas em formato de baias dispostas em corredores. As camas são dimensionadas de acordo com o tamanho médio dos animais e são constituídas de areia e/ou borracha triturada
Esta instalação possui pista de trato anexa à estrutura e também garante maior conforto térmico aos animais. No entanto, uma das principais desvantagens do Free Stall é a grande área de concreto que pode ser fonte de atrito aumentando os problemas de casco. O que deve ser avaliado na hora da escolha.
Loose Housing
Trata-se de um local coberto em que a estrutura é bem semelhante à de um Compost Barn, entretanto a permanência dos animais não é fixa. É uma boa opção para proteção dos animais em casos de intempéries.
Compost Barn
O compost Barn é uma das melhores opções quando o assunto é conforto e bem-estar animal. Ele tem como objetivo a melhoria das condições das vacas em lactação, melhorando os índices produtivos.
Basicamente, consiste em uma grande cama comum à todos animais e uma pista de trato por toda sua extensão. O material da cama geralmente é serragem, maravalha ou casca de café. Este material juntamente com os dejetos dos animais são continuamente compostados. Por causa disso, demandam manejo constante.
As principais vantagens desse sistema são:
- Redução nos problemas de cascos quando comparado à outros sistemas;
- Melhorias nos índices reprodutivos, uma vez que oferece maior conforto aos animais;
- Melhoria na qualidade do leite;
- Melhoria no manejo de dejetos, pois grande parte da deposição ocorre na cama e sofre compostagem. Posteriormente, o produtor pode lançar mão do uso da cama como adubo orgânico.
Já as desvantagens seriam:
- Alto custo de manutenção e implementação;
- Necessidade de um rebanho com boa genética;
- Quando mal manejado ocasiona em piora da qualidade do leite e enfermidades.
Qual o melhor sistema de produção?
É importante ressaltar que a escolha do sistema ideal não é padrão. Ou seja, o produtor deve optar pelo sistema que melhor se adapte às inúmeras variáveis dos seus recursos físicos, vegetais, animais e econômicos disponíveis.
Alguns requisitos básicos devem ser observado na hora de escolher o sistema visando a eficiência (e produtividade). Veja alguns:
- Utilização de vacas especializadas e adaptadas à região;
- Capacidade de aprimorar o manejo reprodutivo, nutricional e sanitário;
- Oferta de condições adequadas de conforto para que os animais possam produzir.
- Capacidade de investimento e de gestão.
Uma outra etapa muito importante para bovinocultura de leite, que não podemos deixar de abordar, é a escolha da raça. Por isso, dedicaremos o próximo tópico sobre o assunto!
Como escolher a raça de gado leiteiro?
Conhecer sobre as principais raças de gado de leite do Brasil e seus detalhes podem fazer toda a diferença em seu sistema de produção. Já que, nosso país é marcado pela diversidade de climas e solos, definir uma única raça padrão para todo território é impossível.
Além disso, escolher a melhor raça ou do cruzamento vai depender de vários fatores. Mas, o principal item a se considerar está diretamente ligado ao tipo de sistema de produção da propriedade.
Só para exemplificar, em um sistema mais intensivo, onde os animais são confinados são demandadas vacas com alta produção. No entanto, em sistemas menos intensivos, no qual o animal precisa caminhar até seu alimento, é aconselhável a escolha por vacas medianas que embora tenham uma produção menor, se comparadas com as que estão confinadas, têm uma rusticidade maior e aguentam diversidades climáticas e erros de manejo sem grandes prejuízos.
As vacas mais comuns para se investir em gado de leite aqui no Brasil, são:
1. Holandesa
Possuem o maior potencial para a produção de leite. Isto é, essa raça é reconhecida pela sua lucratividade mas, são exigentes em relação ao clima, conforto e manejo. Por suas boas características se tornou uma matriz muito utilizada em cruzamentos.
2. Girolando
Foi criada para atender às condições climáticas e topográficas do Brasil. É o resultado do cruzamento da raça zebuína Gir com a europeia Holandesa, que resultou na alta produção de leite, rusticidade e precocidade sexual. Atualmente, o Brasil conta com 80% da produção nacional do leite vinda dessa raça.
3. Pardo-suíço
Uma das raças européias mais antigas do mundo. Essa raça pode ser usada tanto para produção de carne quanto de leite. Mas, geralmente é mais utilizada para produção de leite. Suas principais características são a alta fertilidade, longevidade e rusticidade.
4. Jersey
Eleita como a segunda melhor raça leiteira é uma europeia mais rústica. Em outras palavras, as vacas se adaptam com maior facilidade e têm alta performance de produção de leite. É uma raça dócil, que se adapta a qualquer tipo de sistema além de ter precocidade sexual.
5. Zebu Leiteiras
Se diferenciam das holandesas por se adaptarem mais rápido e com grande resistência a alta umidade do ar e ao o calor excessivo. As três raças zebuínas mais comuns são:
- Guzerá: possui fácil adaptação, também pode ser utilizada na produção de carne e de leite, uma característica importante dessa raça é a fertilidade.
- Sindi: das raças indianas, é a mais indicadas para regiões secas e com poucos recursos alimentares, pode ser usada tanto na produção de carne como de leite.
- Gir: a raça indiana mais utilizada em cruzamentos, suas características principais são longevidade reprodutiva e produtiva um dócil temperamento.
Desafios da criação de gado leiteiro
O Brasil é responsável por produzir 7% de todo o leite do mundo. No entanto, mesmo que nos últimos anos a produção de gado de leiteiro tenha apresentado melhorias, os sistemas ainda precisam evoluir. Muitos produtores, por não ter o controle de cada detalhe acabam perdendo o lucro por pequenos erros.
Se analisarmos, dentro da porteira, os maiores gargalos estão nas dificuldades gerenciais dos produtores, falta de assistência técnica e a baixa taxa de vacas em lactação.
De fato, ao lado de fora da porteira os obstáculos a serem enfrentados são bem maiores. Como o “custo Brasil”, que envolve outras despesas tais como impostos e logística. Eles, comprometem a renda, que já é acanhada do produtor. Além disso, esse fator prejudica a competitividade do leite brasileiro. Se comparado a outros países da América Latina, em especial a Argentina e do Uruguai.
O sonho de todo produtor é conseguir produzir um volume maior de leite gastando o mínimo possível na produção de cada litro. Só que, para que isso aconteça é necessário melhorias no desempenho do rebanho e na cadeia de produção como um todo. Em resumo, é preciso que que o pecuarista se capacite! Por isso, vamos dedicar o próximo tópico sobre o tema, confira:
Qualificação: peça chave para tornar sua fazenda uma empresa lucrativa
Diversos aspectos interferem na produção de leite com alta qualidade, afetam o rendimento industrial, rentabilidade da propriedade leiteira e na segurança alimentar. É justamente por isso, que a capacitação vem ao encontro da lucratividade do produtor. Ela, auxilia na melhoria da qualidade do leite, com eficiência e baixo custo, para buscar a excelência na produção.
A constante mudança do mundo atual, impulsiona o produtor a se manter em uma contínua atualização. Nesse sentido, só será competitiva a propriedade leiteira que estiver preparada para as novas mudanças de produção sustentável e segurança alimentar. Dessa forma, estar capacitado virou um pré-requisito para aperfeiçoar os conhecimentos e atende as demandas de consumidores cada vez mais exigentes.
Você já viu ao longo de todo o artigo que o cenário para a pecuária leiteira é extremamente favorável. E mais, com tendência ao crescimento ao longo dos próximos anos. Mas, é preciso que você, produtor rural, esteja atento e disposto a buscar a profissionalização de sua propriedade e manter-se atualizado com as tendências de mercado.
Se você quiser levar a sua produção de gado leiteiro a outro nível e ganhar mais dinheiro com a produção, confira essa dica: