A hérnia perineal em cães é uma condição patológica muito observada na rotina clínica veterinária e que pode ser fatal. Ela é originada pela incapacidade do diafragma pélvico para suportar a parede retal e pode aumentar quando o cachorro faz esforços para defecar.
Portanto, essa doença é de resolução complexa, possuindo altos índices de recidiva e complicações pós-operatórias. Sendo assim, é muito importante conhecer suas causas, sinais clínicos, e os principais tratamentos.
Neste artigo vamos explicar todos esse pontos para você entender melhor essa afecção que pode colocar a vida desses animais em risco. Confira!
Hérnia perineal em cães: O que é
A hérnia perineal em cães é uma protusão que aparece ao longo do ânus, podendo ser uni ou bilateral. Ela resulta do enfraquecimento e separação dos músculos e fáscias que formam o diafragma pélvico, promovendo o deslocamento caudal de órgãos abdominais ou pélvicos no períneo.
Geralmente essa herniação ocorre entre os músculos esfíncter externo do ânus e elevador do ânus. Porém, certas vezes acontece entre os músculos elevador do ânus e coccígeo.
Essa doença acomete com maior frequência cães machos, com idade avançada, entre 7 e 9 anos, e não castrados. Sendo incomum antes dos 5 anos e em fêmeas, já que elas possuem um solo pélvico mais forte. No entanto, pode também ser observada em cães jovens, cadelas e felinos.
Algumas raças apresentam predisposição para esse afecção, entre elas: Boston Terrier, Pequinês e o Boxer.
Os sinais clínicos mais frequentes são tenesmo que é a sensação constante de defecar, constipação e aumento de volume perineal, que pode ser redutível ou não. Além disso, pode acontecer retroflexão de bexiga e/ou próstata, disquezia, obstipação crônica, estrangúria, presença de fluído seroso no saco herniário, hematomas ou fragmentos de gordura retroperitoneal necrosados, que se apresentam como nódulos de coloração creme a vermelho-marrom.
Os sinais e sintomas são muito variáveis, sendo que sua severidade depende do grau de herniação. Sendo assim, os cães também podem apresentar prisão de ventre, vômitos, flatulência, esforços/dificuldades para defecar, incontinência urinária e/ou fecal, dor abdominal, posição anormal da cauda e prolapso rectal.
É importante saber que quando a bexiga está presente no saco herniário, os animais exibem dor visceral acompanhada de oligúria ou mesmo de anúria e a hérnia perineal em cães torna-se uma emergência clínica.
Causas
Não existe uma causa específica para a hérnia perineal em cães. Porém, existem alguns fatores de predisposição, como:
- Doenças localizadas a nível do reto;
- Variações anatómicas da musculatura do diafragma;
- Atrofia muscular neurogênica ou senil;
- Miopatias;
- Aumento de volume da próstata;
- Alterações hormonais;
- Constipação crônica;
- Qualquer situação que implique um esforço ou um desequilíbrio hormonal dos gónadas.
Tratamentos
A terapia para resolução dessa complicação tem como objetivos aliviar e prevenir tanto a obstipação como a disúria. Além disso, serve para evitar o estrangulamento visceral e corrigir os fatores desencadeadores da afecção.
Sendo assim, pode incluir uma dieta rica em fibras para regularizar a defecção e evitar prisão de ventre. Ao facilitar o trânsito intestinal, é possível evitar que o animal realize esforço para defecar, o que poderia piorar seu quadro clínico.
A regularização da defecção também pode ser feita com estimulantes do peristaltismo intestinal como cisaprida, laxantes por contacto ou laxantes expansores do volume fecal; por emolientes fecais como a lactulose ou a parafina; enemas periódicos parafinados ou não.
Existe ainda a opção de recorrer à evacuação manual do recto, e a bexiga pode ser descomprimida através do seu cateterismo ou de cistocentese. Porém, não é indicado fazer uso prolongado desses tratamentos já que eles podem levar ao encarceramento e posterior estrangulamento de vísceras, colocando a vida do animal em risco.
Por isso, a herniorrafia é a mais recomendada como tratamento da hérnia perineal em cães. Ela consiste na recolocação do conteúdo do saco herniário no seu lugar normal e posterior fechamento da abertura com fortes suturas. Sua contra-indicação acontece quando o animal apresenta risco anestésico elevado.
Tratamento cirúrgico
No tratamento cirúrgico geralmente é preciso reconstruir a área debilitada com enxertos e/ou malhas sintéticas, sendo que em alguns casos além da redução da hérnia recomenda-se ainda a castração.
A intervenção cirúrgica é quase sempre necessária, visto que algum órgão pode estar em risco, o que é fatal para o paciente. Porém, como a afecção afeta principalmente cães idosos, alguns podem não aguentar a cirurgia e vão necessitar de medidas conservadoras que nem sempre resolvem o problema.
Entre os tratamentos cirúrgicos mais utilizados para reparar o diafragma pélvico estão:
- Método tradicional de sutura;
- Transposição do músculo obturador interno, com ou sem secção do tendão muscular;
- Transposição do músculo glúteo superficial;
- Emprego dos músculos semitendíneos;
- Transposição do músculo obturador interno aliado à transposição do músculo glúteo superficial;
- Colocação de uma malha sintética;
- Combinação de tratamentos.
No pós-operatório é fundamental cuidar da alimentação oferecendo uma dieta rica em fibras e mantendo o animal bem hidratado, para facilitar a expulsão das fezes. Analgésicos, antibióticos e a limpeza diária também costumam ser recomendadas.
Assim como no caso da hérnia perineal em cães, o treinamento do médico veterinário para a realização de diferentes procedimentos cirúrgicos é condição fundamental para o sucesso deste profissional no mercado de trabalho. Por isso, é extremamente importante investir na sua capacitação constantemente sendo o curso de Cirurgia em Pequenos Animais do CPT Cursos Presenciais uma excelente opção.
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Fontes:
Ciência Rural, Rev. Bras. Saúde Prod. UFBA, Revista Portuguesa de CIÊNCIAS VETERINÁRIAS, Affinity- Vets e Clinics, Perito Animal,