A leishmaniose canina é uma enfermidade zoonótica provocada por protozoários do gênero Leishmania spp. Ela é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das seis endemias infecto parasitária prioritárias no mundo. Sobretudo, se manifesta clinicamente, por meio das formas cutânea e sistêmica em diversas espécies de animais e ainda pode infectar seres humanos.
A patologia nada mais é do que uma infecção parasitária provocada por protozoários que atacam o sistema imunológico do animal. Então, em contato com o hospedeiro (cachorro), o parasita do tipo Leishmania atinge as células fagocitárias, que são as responsáveis por proteger o organismo de corpos estranhos. Posteriormente, ele se une a essas células e começa a se multiplicar e acomete ainda mais células. Dessa forma, alguns órgãos como o baço, medula óssea e fígado podem ser prejudicados.
Existem dois tipos de leishmaniose: a cutânea, causada pelos parasitas leishmania braziliensis e a leishmania mexicana e a visceral originada pelos parasitas leishmania donovani, infantum e chagasi. Mas, é importante salientar que quando o assunto é leishmaniose canina a maioria das vezes está relacionada com a visceral. Visto que, ao contrário do outro tipo, a forma cutânea da doença não tem o cachorro como seu alvo principal.
Como os sinais clínicos característicos da doença são comumente observados em outras patologias infecciosas, para que você, médico veterinário, não caia na armadilha do diagnóstico errado elaboramos esse blog post! Acompanhe até o final e confira as dicas infalíveis.
Como acontece a transmissão da leishmaniose canina?
A transmissão da doença aqui no Brasil, acontece somente por meio da picada do inseto Lutzomyia longipalpis., que é popularmente conhecido como mosquito palha ou birigui. Quando esse inseto (vetor) pica um cão ou outros hospedeiros infectados, a fêmea do mosquito ingere a leishmania, em sua forma amastigotas. Posteriormente, ela se transforma dentro do intestino do vetor em promastigota, que é a forma infectante. A transmissão ocorre por meio da picada do vetor que pode infectar humanos e novos animais, destruindo seu sistema imunológico.
Muitos ainda acreditam que o contato com o cachorro contaminado pode transmitir a doença. Mas, isso é um mito! A proximidade com portadores da leishmaniose canina não transmitem a enfermidade, é necessário o inseto para que possa acontecer a transmissão.
Sinais da enfermidade
A doença pode ficar incubada por um período médio de 3 meses, e nem todos os animais infectados apresentam os sinais (são assintomáticos). Mas, os que manifestam, estes são variáveis e podem incluir:
- febre;
- falta de apetite;
- aumento de linfonodos;
- lesões na região da cabeça;
- emagrecimento progressivo;
- crescimento irregular das unhas;
- alopécicas, localizadas ou generalizadas.
É importante ressaltar que o parasita pode prejudicar diversos órgãos internos do animal. Como por exemplo, rins, fígado e até mesmo as estruturas do sistema digestivo, então cada lugar atingido terá uma decorrência correspondente. Entre as mais comuns, podemos citar a desidratação, vômito, sangramento nas fezes e irregularidades no trato urinário.
Por afetar o sistema imunológico, o cão afetado pelo problema pode frequentemente apresentar indícios de outras doenças. Além disso, o animal ainda pode contrair outras patologias, uma vez que seu organismo foi enfraquecido pela Leishmania.
Como os sinais da enfermidade são diversos, durante a rotina clínica, é possível confundi-la com outras doenças, não dando o devido tratamento. E mais, pode acontecer o inverso confundir outras patologias com ela, por isso é importante ficar atento ao diagnóstico, confira algumas dicas no próximo tópico
Diagnóstico
Além da anamnese do animal pelo veterinário durante a consulta clínica, existem alguns exames laboratoriais para o diagnósticos da enfermidade, entre eles podemos citar:
- observação do parasita pode histopatologia: um pequeno fragmento do corpo do animal é retirado para que as células sejam analisadas através de um microscópio.
- citologia aspirativa: uma agulha aspira as células de uma determinada região para avaliação, assim que o parasita é visualizado o diagnóstico de leishmaniose é conclusivo.
Quando a infecção é branda ou inicial, pode ser que as amostras retiradas não contenham o protozoário da leishmaniose. Com isso, surgem os resultados falsos negativos ou não se confirma a presença do parasita.
Outra forma para o diagnóstico da patologia é pela coleta de sangue e testes sorológicos. Pois, quando um problema surge no organismo, o sistema de defesa atua contra esse agente. Então, essa resposta aparece como anticorpos que se formam para combater o parasita, quando seus níveis são altos, temos sua constatação.
Como a leishmaniose canina tem um diagnóstico complexo e todos os exames podem ter margens de erro, observar alguns passos podem ajudar, acompanhe!
7 Dicas para ajudar na hora do diagnóstico da leishmaniose canina
Como você já viu, a doença pode ser confundida com outras patologias. Nesse sentido, algumas dicas podem ajudar a não cair em armadilhas na hora do diagnóstico. Resumindo, você médico veterinário deve:
- Explorar ao máximo a anamnese, pesquisar viagens, procedência do animal e passeios para regiões endêmicas;
- Ficar atualizado sobre a classificação, de acordo com as notificações da enfermidade canina e humana em seu município;
- Estar atento a patologia entre os diagnósticos diferenciais de outras doenças infecciosas;
- A sorologia é sensível, por isso muito cuidado com o resultados falso negativo, ou vice e versa.
- Suspeite sempre da leishmaniose canina, pois devido a imunossupressão, os animais podem desenvolver infecções simultâneas, que podem até deixar o em segundo plano o seu diagnóstico.
- As formas cutâneas e visceral da doença podem coexistir.
- Exames complementares, como a sorologia, citologia ou até mesmo PCR são indispensáveis para a confirmação da doença.
Tratamento
Por se tratar de uma doença que afeta a saúde pública, por muito tempo, o tratamento da leishmaniose canina era apenas um: a eutanásia. Já que, a doença não tem cura (até hoje), o Ministério da Saúde não permitia que o tratamento acontecesse.
Mesmo que o parasita precise de um vetor (inseto) para a transmissão o cão ainda é o principal hospedeiro urbano da doença e também uma forma de manter o parasita vivo. Visto que, o animal acometido pode ser novamente picado e fica sendo um canal para espalhar a doença. Por isso, muitos animais foram sacrificados com a tentativa de erradicar a enfermidade.
Essa realidade mudou com os medicamentos com ação leishmaniostática e imunomoduladores. Só que, o tratamento não promove a cura total do paciente e sim a promoção da melhora clínica e epidemiológica. Mas, alguns casos como por exemplo quando a doença renal já está instalada a terapia é contraindicada.
Somente uma avaliação clínica com o médico veterinário é que vai definir a escolha para o melhor tratamento, que geralmente são longos e repetitivos. E ao longo de toda a vida do animal será necessário uma avaliação e acompanhamento periódico.
Algumas medidas paliativas também podem amenizar o sofrimento do animal. De fato, por ser uma zoonose grave, que se não for tratada precocemente, pode levar ao óbito o animal infectado, torna uma questão de saúde pública. Além disso, ela exige alguns cuidados para prevenção.
É possível prevenir a leishmaniose canina?
A incidência da enfermidade é comumente associada a locais onde as condições sanitárias são precárias. Isso porque, o mosquito põe seus ovos em locais ricos em matéria orgânica. Veja algumas medidas que podem proteger o cão da doença:
- vacinação: podem ser administradas em filhotes acima dos 4 meses de idade, mas somente para os animais que não são portadores da doença;
- limpeza: é uma das principais formas de prevenção, pois evita a proliferação do inseto transmissor;
- telas de proteção: a instalação pode ajudar a proteger o animal da aproximação do inseto;
- inseticidas e repelentes: eles podem afastar o inseto do pet.
Não só para a leishmaniose em cães, mas a confirmação de muitas doenças acabam precisando realizar exames laboratoriais! O fato é que em grande parte dos atendimentos clínicos eles são indispensáveis!
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Fontes: Revista Cães e Gatos, Portal Uol Dr. Drauzio Varella e Love Dog Hero
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