Atualmente, gatos e pessoas convivem em harmonia dentro de seus lares. Apesar da ideia antiga de que os cães são os melhores amigos do homem, em números, pelo menos, os gatos já são mais populares. A população atual de gatos no Brasil gira em torno de 18,3 milhões e tem crescido anualmente. A tendência é que esse número aumente consideravelmente nos grandes centros urbanos, com a crescente verticalização do espaço, fica complicado morar em casas amplas, ideais para os cães. Os gatos são animais mais independentes e se adaptam mais facilmente a ambientes menores, como apartamentos.
Felinos, principalmente gatos são extremamente limpos e companheiros. Ao contrário dos antigos paradigmas de que os gatos não são boas companhias, esse pensamento, felizmente, tem mudado. Eles são ótimos companheiros, tanto para idosos quanto para crianças. Além de dormirem em média 18 horas na ausência dos seus proprietários, ocupam pouco espaço e são sempre muito ligados aos seus donos.
Assim com o crescente desenvolvimento e mudança de pensamento por parte das pessoas, os gatos passaram a utilizar produtos direcionados e específicos às suas diversas necessidades, caracterizando-se num grande segmento do mercado pet. Não é à toa que com tantas qualidades, o segmento para felinos tenha se desenvolvido tanto. Estima-se que o mercado pet no Brasil tenha movimentado R$18,2 bilhões em 2011 e, com certeza, a parcela sobre produtos e serviços para gatos tem acompanhado esse número.
Estas mudanças socioeconômicas têm sido as grandes influenciadoras desse processo de expansão do mercado pet. O perfil da pirâmide social brasileira é cada vez mais composto de pessoas idosas, que muitas vezes já possuem filhos adultos vivendo em seus próprios lares. Nesse caso muitos médicos, principalmente geriatras têm recomendado a companhia de animais para pessoas da terceira idade.
Do outro lado dessa pirâmide, jovens casais que estão cada vez mais focados em suas carreiras têm optado por adiar os planos de terem filhos. Em muitos casos, os gatos acabam entrando aí para fazer o papel que seria de uma criança, compondo assim um novo modelo de família.
Isso significa que um novo nicho de mercado se abre para os clínicos veterinários de pequenos animais, já que a Medicina Felina trata-se de uma especialidade. Além disso, o proprietário de gatos é extremamente exigente e atento às particularidades e novidades do mundo felino, o que exige do profissional atualização e melhor conhecimento da espécie felina.
É fundamental que o clínico conheça as particularidades comportamentais, fisiológicas, farmacológicas e terapêuticas da espécie felina para prestarem atendimento clínico de qualidade e bem sucedido.
Atualmente, os clínicos veterinários têm conhecimento de que o gato não é um cão pequeno, aliás, é uma espécie muito diferente e particular. Suas necessidades nutricionais, seu metabolismo e sensibilidade aos medicamentos são bastante específicos. Dessa maneira, não respondem como os cães quando submetidos a uma variedade de situações e emprego de diversos fármacos.
Apesar de possuírem um menor custo mensal, os gatos oferecem maiores despesas quando se trata de complicações de saúde em comparação com os cães, justamente pela falta de profissionais especializados no mercado. Mas o foco na medicina preventiva tem dado uma maior sobrevida a estes animais
Uma recente pesquisa feita pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, que tinha como objetivo estudar a população domiciliar de cães e gatos na cidade mostrou que a idade média dos felinos da capital é de 3,4 anos contra 4,2 anos dos cães. Sabendo que gatos vivem cerca de quatro anos a mais que os cães, é fácil entender o porquê de o mercado direcionar-se cada vez mais aos felinos.
Pensando na sensibilidade e exigência dos felinos, o mercado desenvolveu produtos para facilitar a vida do proprietário e reduzir o estresse do gato. Atualmente já existem cosméticas específicas, tapetes higiênicos descartáveis, roupinha, coleiras, ração, acessórios e inúmeros outros produtos direcionados exclusivamente para os gatos.
Em resumo, gatos possuem características próprias, tanto comportamentais quanto fisiológicas. Portanto, essas peculiaridades devem ser respeitadas ao tratar essa espécie. Fatores como comportamento, idade, estado nutricional e de saúde, metabolismo, tipo de fármaco, forma do medicamento, via de administração e possibilidade do proprietário em medicar os seus gatos, são de extrema importância e devem ser considerados, para que os riscos de efeitos adversos e imprevistos desnecessários na rotina de atendimento aos felinos possam ser evitados.