A tristeza parasitária bovina é um complexo de duas enfermidades causada por agentes etiológicos distintos, a babesiose e anaplasmose. Embora os causadores sejam diferentes os sinais clínicos são similares. É importante salientar que não apresentam imunidade cruzada entre si. Ou seja, uma não depende da outra e precisam de tratamentos e manejos particulares.
O responsável por transmitir as babesias aos bovinos é o carrapato Boophilus microplus, popularmente conhecido como carrapato-do-boi. Já o transmissor do Anaplasma, além do carrapato a transmissão pode acontecer por meio da picada de insetos, como por exemplo moscas e mosquitos.
É uma das maiores causas de mortalidade em diversas categorias animais, principalmente em bezerras leiteiras, após o processo de desmame. Por isso, o controle da tristeza parasitária tem uma enorme importância nos sistemas. Além disso, as perdas econômicas por conta da enfermidade são inúmeras. Só para exemplificar, a redução da produção de carne e leite, custos com o tratamento, queda da produtividade. Em resumo, segundo um levantamento do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento as perdas com a enfermidade chegam a 500 milhões de dólares anuais.
Para que você, produtor rural, não faça parte dessa estatística elaboramos esse artigo onde você irá aprender identificar rapidamente a doença e aplicar na prática as medidas de prevenção. Vamos lá?
Como identificar a tristeza parasitária bovina?
Para respondermos a pergunta é necessário informar que geralmente os bezerros possuem a imunidade colostral. Em outras palavras, ficam protegidos pelo colostro da vaca durante aproximadamente de 7 a 10 meses de idade. Mas, depois desse período podem ficar doentes ao entrarem em contato com o agente causador da doença, o carrapato. Aliás, a falha na colostragem pode deixar o animal suscetível a tristeza parasitária ou até mesmo devido a queda dos níveis sanguíneos de anticorpos vindos do leite da mãe.
Em locais onde as condições climáticas são favoráveis para o desenvolvimento da enfermidade (permitem a presença do carrapato), os agentes são continuamente inoculados nos animais a partir de seu nascimento. Então, eles ficam mais resistentes e desenvolvem uma imunidade forte, fazendo com que se tornem adultos que não adoeçam.
Já em regiões em que o carrapato não está constantemente presente, não há a transmissão contínua dos agentes da doença. Visto que, os bovinos podem passar a fase jovem sem serem inoculados. Por isso, não desenvolvem a imunidade específica adequada. Isto é, se tornam adultos sensíveis a tristeza parasitária bovina.
É interessante saber que a doença causada pelo carrapato é inoculada nos bovinos por larvas ou ninfas. Já na anaplasmose, os corpúsculos iniciais se aderem a eritrócitos, e vão se multiplicando e invadindo outros até a morte do hospedeiro ou controle da infecção.
Para a correta identificação é preciso ficar atento aos sinais, confira sobre os principais no próximo tópico!
Sinais clínicos
Normalmente, a manifestação clínica da doença é caracterizada por um quadro febril e anêmico. Também é comum observar a descoloração das mucosas vaginal e ocular, ficam pálidas ou levemente amareladas, o aumento da frequência cardíaca e respiratória. E mais, os bovinos ainda podem apresentar:
- apatia;
- infertilidade;
- pelos arrepiados;
- urina com a coloração escura;
- menor ganho ou perda de peso;
- diminuição ou suspensão da lactação;
- redução nos movimentos de ruminação;
- sinais nervosos de incoordenação motora.
Nos casos de infecção na qual o agente etiológico é Babesia bovis, o animal pode ser acometido pela forma aguda ou superaguda da enfermidade e pode vir a óbito poucas horas após o aparecimento dos sinais.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da tristeza parasitária bovina é realizado através da anamnese do médico veterinário e a avaliação dos sinais clínicos apresentados. Mas, a confirmação da doença só deve ser validada mediante a exames laboratoriais, como por exemplo um teste realizado na hematologia, o esfregaço de sangue, também conhecido como distensão sanguínea.
Em relação ao tratamento adequado, é necessário a observação de alguns pontos:
- Diagnóstico precoce;
- Verificar a pesagem do animal para evitar subdosagem ou a superdosagem;
- Aplicar o tratamento de suporte com hidratação e complexos vitamínicos para a recuperação mais rápida.
Para obter o sucesso no tratamento da tristeza parasitária bovina a aplicação da medicação deve ser imediatamente após a avaliação clínica e constatação da enfermidade. O médico veterinário responsável pelo caso deve aplicar medicamentos específicos de efeito babesicida (derivados de diamidina) anaplasmicida (tetraciclinas), ou de ação dupla.
Como prevenir a tristeza parasitária bovina?
Atualmente, existem três métodos de imunização dos animais, são eles:
- Premunização: inoculação de sangue do animal infectado com agente da doença. Em geral, o inóculo não é padronizado e os parasitas produzem efeitos graves ou fatais. É um processo que pode gerar excelentes resultados, mas de alto risco.
- Vacinas atenuadas: inoculação de sangue afetado com a Babesia bovise Babesia bigemina atenuadas e Anaplasma centrale. Pelo fato de ocorrer a padronização do inóculo, os parasitas produzem efeitos atenuantes, mas ainda estão vivos. Dessa forma, acontece uma infecção subclínica que não requer tratamento, mas que produz o desenvolvimento da imunidade dos bovinos.
- Quimioprofilaxia: utilização de medicamento para o tratamento da enfermidade e em seguida expor o animal a manifestação baixa e de modo constante pelo carrapato. A queda gradual dos níveis sanguíneos da droga permite um aumento progressivo dos agentes da enfermidade nos bovinos, o que leva a uma resposta imune.
Você que lida diretamente com bovinos deve estar preparado para reconhecer não só a tristeza parasitária, como os sinais de outras doenças!
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Fontes: Embrapa, Sociedade Nacional da Agricultura e Dia de Campo